terça-feira, 27 de julho de 2010

Baby

sábado, 10 de julho de 2010

Ah, bacon...

Are you addicted to bacon?

Created by Recipe Star

sexta-feira, 9 de julho de 2010

VIVO, eu me rendo!


Meus pais se separaram depois de 30 anos, meu amigo Ricochete está noivo e eu comprei um chip da VIVO. Cadê o mundo como eu conhecia?

Na segunda-feira estávamos de mudança: mamãe, minha criança e eu. O lugar pra onde nos mudamos é mais afastado, a melhor opção de internet é 3G. Não posso ficar uma semana sem internet em casa, por causa do trabalho. Liguei logo pra OI e pedi um chip, igual ao que tinha antes - ficou com o meu pai.

Falei com um simpático Robson. Fiquei contentinha em saber que o mini modem custava 140 reais, menos que o preço do primeiro que comprei. Eu não pagaria os três primeiros meses e ganharia um descontinho por mais 9 meses. Mesmo assim, poderia cancelar a assinatura a qualquer momento.

Robson disse que encaminharia meu pedido e entraria em contato comigo em até 3 dias. "Pode ser?".
Eu disse: Bom, eu precisava disso o mais rápido possível, mas se você tá dizendo que tem que esperar 3 dias, tudo bem.
E ele: Olha, então eu vou pessoalmente cuidar disso pra senhora, e farei o possível pra entrar em contato mais cedo do que isso.

Só que aqui na vila eu já soube de duas pessoas que usam o 3G da VIVO. Uma delas é um entendido do mundinho dos computadores. Sem contar que quando falo no celular dentro de casa, fica tudo picotado - e meu celular é da OI. "Não sei se tem a ver, mas o chip é o mesmo, talvez o sinal também seja", pensei. Fiquei com a pulguinha atrás da orelha, mas esperei pacientemente pela ligação do Robson, afinal, o mini modem era barato e os três primeiros meses saem de graça, né?

Daí, ontem de manhã (quinta-feira), eu estava no treino com o Ademar, que também é um entendido do mundinho dos computadores. Comentei que precisava desse tipo de conexão e ele disse, sem titubear, "escolha o da VIVO".

Fui até uma loja da VIVO e descobri que não tem que esperar nada. Você sai de lá com o modem e o chip prontos para serem usados. Tinha um plano pelo mesmo valor da OI com uma franquia menor de dados, mas que eu acredito ser suficiente. O único desconto que eles dão é de 50% na primeira mensalidade, mas você não paga pelo modem. Tem que ficar pelo menos um ano com o plano, mas... MODEM GRÁTIS.

Pensei por dois segundos e fiz a assinatura. Saí de lá com internet na mão, a primeira fatura só chega daqui a um mês, e ainda ganhei um copo! (Eu gostei do copo).
Chegando em casa, qual não foi minha surpresa ao constatar que a conexão da VIVO aqui nesse fim de mundo é melhor que a da OI no lugar-menos-fim-de-mundo que eu morava antes! Yeah yeah!

Quanto aos meus pais, a separação foi a segunda melhor coisa que eles fizeram desde o casamento (a primeira fui eu).
Quanto ao Ricochete, parabéns, meu querido. Ia acabar acontecendo com você também. Não dá pra ser o Peter Pan da FEG pra sempre. Fiquei feliz! Espantada, e feliz.
Quanto ao Robson... tô esperando ele ligar até hoje. Aff.

domingo, 4 de julho de 2010

Cigarro


Sei que não é fácil entender o fumante. Mas vamos por partes. Em primeiro lugar, parece-me desnecessário e até opressivo tratar do fumante de forma tão ingênua. É claro que sabemos que fumar faz mal, é óbvio que tememos ter câncer, é nítido que nos sensibilizamos com as figuras dramáticas de verso de maço, os dentes feiosos, a perna gangrenada, a criancinha (não parece que ela está cheirando cola?), e o pulmão que, honestamente, a mim me lembra uma bela maquete de feira de ciências. Não se trata, no entanto, de nada disso.

O fumante, é preciso entender, tem seu jeito próprio. Ele nunca está sozinho. E nunca não está fazendo nada. Pode não estar trabalhando, não estar estudando ou tendo uma longa conversa. Está, entretanto, e muitas vezes, simplesmente fumando. O fumante é mais feliz na espera por alguém; o fumante que espera alguém espera menos. O fumante que espera o ônibus então, tem em seu repertório um poder só dele. O de decidir, finalmente, acender um cigarro, e ver, mais finalmente ainda, o ônibus chegar naquele exato momento. E esta incrível relação, de uma disputa muda e singela, entre o fumante e o ônibus, vai além. Não pode ser mera coincidência que o preço do cigarro e o do ônibus sejam assim tão parecidos. Quem nunca juntou moedas, somou dois reais e pouco e teve de então decidir: pego um ônibus ou compro cigarro? O verdadeiro fumante vai a pé. Ofegante, é provável, mas nunca sozinho.

Ah…ser fumante. Só o fumante conhece o tempo de um cigarro. E não seria útil agora falar da infinitude e relatividade do tempo, porque se cairia inevitavelmente numa filosofia sem término. Desde sempre o homem tenta marcar o tempo. E nenhum cronômetro, porém, nenhum relógio ou ampulheta, é tão preciso quanto o tempo de um cigarro. Só o fumante sabe, numa cumplicidade excitante, o que o outro fumante quer dizer quando decreta: “Já vou, vou só fumar um cigarro”, ou “Vou fumar um cigarro e já volto”. O tempo de um cigarro é preciso e exato como poucas coisas são. Eu, particularmente, quando apago um cigarro na metade, quase lhe peço desculpas. Dobro-o no cinzeiro, todo desengonçado, e o observo em sua situação constrangedora e diminuta_ trata-se de um cigarro-borboleta, de vida efêmera_ e sinto. Só o faço quando alguém que esperava me buscar na porta do prédio chega, quando aparece enfim a comida no restaurante, ou quando um não-fumante (Sim, às vezes falamos com eles), quer nos dar um beijo na boca. Fora isso, nada justifica assassinar precocemente um cigarro.

Da mesma forma, penso que nenhum verdadeiro fumante pede trago. O verdadeiro fumante sabe que se trata, o cigarro, de uma porção única. Solicitar um trago, ou, o que é ainda pior, dar-se ao direito de pegar um trago de um cigarro aparentemente esquecido em um cinzeiro, é coisa de amador. Para mim não pode haver algo mais invasivo. Pegue um cigarro inteiro, pegue meu dinheiro, leve embora minha bolsa, mas, por favor, não mexa com o meu cigarro! É tão desconfortante e inadequado quanto pedir mordida de sonho de valsa ou gole de Yakult. Simplesmente coisa que não se faz. É comum, no entanto, que se surpreendam pretendentes a ex-fumantes fazendo isso. Nada mais patético do que aquele que acha que parou de fumar. Quando me pede o primeiro cigarro, semisorrio com ar condescendente, até empresto o isqueiro. O segundo ainda não nego. No terceiro, insinuo sem compaixão: Sabia que aqui eles vendem cigarro?

O não-fumante, por outro lado, pode não ser má pessoa e eu confesso, admiro-o. Num mundo ideal, em que eu pudesse fazer racionalmente todas as mais mirabolantes escolhas, além de rica e mais magra, seria não-fumante. No rodízio de churrascaria, faria um belo prato de folhas verdes, tomaria suco de abacaxi, e ao final da refeição, pagaria a conta sorrindo e me levantaria sem pressa, sem procurar ansiosa na bolsa, ao mesmo tempo em que levanto, o maço amassadinho que esperou pacientemente eu comer_ este outro hábito ao qual, com cortesia, o cigarro cede espaço. Não haveria cafezinho. Depois, feita a digestão, iria correr no parque, nadar umas cem chegadas, e à noite, provavelmente, dormiria cedo e sem tossir.

Infelizmente a rotina do fumante é quase obrigatoriamente uma outra coisa. O não-fumante, este ser esquisitinho que não acende um cigarro na final da Copa e que faz suas digestões autônoma e tranquilamente, é mesmo um vitorioso. Ele não chega na padaria e o homem do caixa já não pega um maço do seu cigarro preferido e não o põe em cima do balcão. É possível, aliás, que passe despercebido pelos funcionários da padaria. Ninguém registra quem compra pão. Ele, então, não desenrola com a pontinha dos dedos a fitinha que envolve seu maço, não puxa o aluminiozinho, não saca um cigarro, não o põe na boca, e não dá aquele primeiro trago. Também não deve dar um mergulho na piscina quando está calor, nem fazer xixi quando está apertado. O não-fumante não vive de alívios. Vive de constância. Terminada uma fogosa noite de amor, ele simplesmente vira pro lado e dorme. Talvez tome um copo d´água. Ele não alcança a cabeceira, não acende um cigarro, e não conversa amenidades com seu parceiro, os braços atrás da cabeça, a fumaça se espalhando lentamente pelo quarto. O fumante que tem noites de amor com não-fumantes pode passar por alguém pouco sensível. Ele deve, se for assim o combinado, levantar-se pra fumar lá fora. É uma pena. É um momento hostil pra se fumar um cigarro, como fumar na estrada com o carro a mais de cem por hora, e o vento fazendo as cinzas se voltarem contra você e fumando junto. Como fumar na praia, com toda aquela gente olhando se você vai mesmo recolher as bitucas e jogar no lixo no final da tarde. É hostil, mas inevitável.

Por fim, temos o ex-fumante, aquele ser superior que esteve entre nós e do qual nos despedimos com muita dor. É necessário ressaltar que não considero ex-fumante quem fumava menos de dez cigarros por dia, sobretudo se for de filtro branco. Essa gente atrapalha as estatísticas que calculam quem conseguiu parar de fumar. Essa gente nem fumava antes do meio-dia. Falo daquele que bravamente conseguiu dar adeus a seu melhor amigo e que nunca mais fumou. Ele ainda sonha que está fumando, e em seus devaneios eventuais, imagina-se velhinho, minutos antes de morrer, pondo de novo um cigarro na boca. Ele é exigente com seus amigos e parentes que fumam. Se ele conseguiu, toma vergonha na cara e pára também. É o que ele pensa. Mas como todo ex, ex-namorado, ex-colega de trabalho, ex-presidente, devemos nobremente respeitá-lo e não vemos, no entanto, muita graça em sentar com ele à mesa. Ele passou pro lado de lá. Ele nos desperta uma ponta de inveja e culpa. Inveja porque não temos a mesma força, culpa por acender um cigarro bem na frente dele enquanto tomamos cerveja.

O ex-fumante ainda pode falar alguma coisa que nos acrescente em nossa luta cotidiana com o cigarro, mas o resto não. A forma como o fumante vem sendo tratado dá mais nojo que pôr um pouco de água num copo plástico pra usar de cinzeiro. É repugnante. É desleal. Nem me darei ao trabalho de apontar aqui tudo que fazem de não-saudável, não-ético e politicamente incorreto aqueles que não fumam, no intuito de me defender. Se eles dirigem rápido demais na estrada, se eles bebem em excesso ou usam outras drogas, se eles não são bons amigos ou filhos, tudo bem. Quando me emputecem , tenho um cigarro pra acender e me acalmar. Eles não têm. Eles vivem de pesquisas. Não sabem, porém, quantos casais de namorados ou amigos se formaram porque um pediu ao outro um cigarro, não consideram que quem fuma paga impostos altos para toda a população, não percebem que quase não há fumante suicida (o fumante vai sempre querer fumar um último cigarro, e por ai vai). Eles têm razão em ficar preocupados com nossa saúde, eles têm direito de pedir pra eu fumar com a outra mão porque a fumaça está indo na cara_embora eu ainda ache que a fumaça misteriosamente persegue mais quem se incomoda, como cachorro vai sempre brincar com aquele que não gosta de animais. Eles não podem, entretanto, fazer por nós nossas escolhas. Nós escolhemos o tempo todo, se vamos fumar um cigarro agora ou daqui a alguns minutinhos.

Eu por exemplo, escolhi que, findado o texto, dou um salvar no canto da tela, estalo os dedos, e releio, fumando um cigarro.

Daqui: