quarta-feira, 20 de dezembro de 2017
R.I.P Plínio
Plínio viveu conosco por um mês e dois dias, até perto do Natal.
Não sabíamos o que fazer com nosso primeiro passarinho.
Encontramos o bebê perdido da família no quintal,
Demos abrigo, papinha, ração, insetos, minhocas e carinho.
Plínio teve algum sucesso passeando pelo local,
Aprendeu a comer frutinhas , o que era fundamental.
Quando nos via, vinha logo pra perto
E já respondia pelo nome com seu assovio esperto.
Mas não subestimem a importância da mamãe de um passarinho!
Ela ensina os filhotes depois que saem do ninho.
Como não aprendeu a se defender ou a comer sozinho,
Plínio não tinha medo de nada porque era muito mansinho.
Mas o medo é importante para nos proteger,
Faz a gente ter algum juízo, como deve ser.
E se tem uma coisa forte nessa vida, é a lei da natureza:
Um bicho maior, seguindo seus instintos, pegou Plínio com destreza.
Dorme em paz, Plínio, no sossego no nosso jardim,
Amanhã vamos comprar uma linda mudinha,
Na natureza tudo se transforma, é assim.
E onde foi Plínio, será uma amada florzinha.
Vamos manter a lembrança divertida de como um dia
Foi tão legal cuidar e conviver com esse bichinho.
Ficamos tristes agora, mas em breve vamos lembrar dele com alegria.
E pelo tempo que escolheu nossa família, obrigada, passarinho!
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017
Correios
Pó de carta vicia. Foi isso que ouvi o diretor regional da ECT dizer na palestra de apresentação quando entrei na empresa, há 4 anos e meio.
Deve ser por isso que é difícil sair, mesmo tendo pensado e repensado essa decisão em casa com minha família durante meses e concluindo que seria o melhor pra todos nós no momento atual.
Aí hoje eu fui lá, segura e confiante, e trabalhei meu último dia. Abri e fechei o sistema com a minha matrícula e senha pela última vez, fiz cadastros e entregas e triagens pela última vez, abri e tranquei meu armário e meu cofre, reclamei da iluminação fraca do banheiro, vesti e tirei meu crachá... Tudo o que eu faço todos os dias, só que dessa vez foi pela última vez. E sabe qual a sensação ao chegar em casa? De que larguei um pedacinho meu pra trás.
Normal, né? Eu passava mais tempo no trabalho do que em casa com a família. Trabalhava, comia, escovava os dentes, andava, olhava, conversava, ria, passava raiva, tudo lá. De repente, beijinho, tchau. Estranho, né? Mas ficou um buraquinho vazio aqui.
Esse último mês foi peculiar. Enquanto cumpri 30 dias de aviso prévio trabalhando, saboreei cada serviço que eu adorava fazer e, pasmem, os que eu não gostava também. É a magia da última vez. Dizem que a gente se acostuma até com o que não gosta, e tenho que concordar. Lembrei do perrengue que passei quando entrei na empresa e fui com mais 3 colegas morar um mês em Belo Horizonte, sendo que nos avisaram na véspera, lembrei com saudade da turma ótima que conhecemos lá, dos passeios que fizemos, dos professores. Eles falavam da empresa de um jeito que me fez chegar apaixonada no primeiro dia de trabalho. Depois o encantamento passou, mas ficou carinho, sabe? É como se a empresa fosse alguém da família, no sentido bom e no ruim. Mas que passa a fazer parte da gente, passa.
Aí fui lembrando das partes do caminho que me fizeram chegar até aqui, dos meus erros e acertos, até que aprendi tanta coisa, nossa, gente, muita coisa mesmo. Foi uma escola. Gratidão.
E aproveitei também pra fazer uma lista de coisas das quais vou sentir falta e das quais não vou. Não falei dos meus problemas pessoais porque gente venenosa e problema de relacionamento tem em qualquer lugar, né? Procurei focar nas coisas específicas desse meu emprego, e me rendeu umas risadas no final.
A lista do não ficou grande, hahaha!
Mas a lista do sim vai fazer falta todos os dias :(
Lá vai:
NÃO, eu não vou sentir falta de:
- Achar CEP de endereço em Brasília
- Logística reversa com preenchimento de check list
- Captar telegrama de mais de uma página às 16h59
- Guichê sem vidro
- Ouvir problemas pessoais de pessoas desconhecidas, continuamente
- Trabalhar com papéis AND ventilador
- Não tem selo de 50 centavos
- Lote de formulários de AR sem cola
- Cliente que não deixa de falar ao celular quando é chamado/atendido, apenas pára na sua frente e continua conversando ao telefone como se você não estivesse ali (enquanto há outras pessoas esperando na fila, muito provavelmente)
- Cliente que atende chamada no celular durante a vez dele, faz sinal pra esperar se tentarmos falar com ele e termina sua conversa sem pressa para só depois voltar aonde estávamos
- Pernilongos furtivos debaixo da mesa de trabalho, atacando minha perna por cima da calça
- Quando o cliente pede a fita adesiva emprestada e, quando devolve, perdeu a ponta
- Quando o cliente pede a fita adesiva empresada e não devolve (e caneta, tesoura, extrator de grampo, cola, trena, grampeador...)
SIM, eu vou sentir muita falta de:
- Selos
- Preencher formulários de AR
- Embrulhar caixas
- Crianças boquiabertas, impressionadas com como eu digito letras e números sem olhar o teclado do computador, perguntando "tia, como você consegue fazer isso?"
- Conviver com os amigos que fiz
Hoje, na minha festinha de despedida, sentei e fiquei olhando pra cada um dos colegas e amigos enquanto conversavam distraídos. Senti gratidão pela presença de cada um na minha vida durante o tempo em que trabalhamos juntos e guardei a imagem de cada um deles sorrindo. Vou levar comigo.
Gente, bom, é isso. Não sei terminar esse texto. Estou com sensação de reticências ao invés de ponto final.
Me resta agradecer a todos que passaram por mim, me ajudaram, me ensinaram, me fizeram companhia nessa jornada.
Bora começar uma nova etapa, que a vida é curta e o tempo não pára.
Beijo grande.
Assinar:
Postagens (Atom)