Eu mando a criança tomar banho e ela pergunta se pode ir depois de terminar o episódio de Dragon Ball que tá passando na TV.
Eu penso "claro, orgulho da mamãe. Assiste bastante anime." Mas não digo, pra ela não perceber meu ponto fraco.
Só digo "ok".
Um tempo depois o episódio acaba e ela não vai pro banho. Eu espero pra ver até onde ela vai, canso de esperar e entro na sala.
"Acabou o Dragon Ball?"
"Acabou"
"E por que você não foi tomar banho?" - pergunto séria, falando baixo, um tom mais grave, o que, acreditem, é mais eficaz do que qualquer grito.
Então ela começa a argumentar, dar desculpa. E eu me encho de orgulho de novo por ela estar tentando me enrolar. Mas não digo, não sorrio como tenho vontade, porque ela vai perceber esse outro ponto fraco. Está cada vez mais esperta, tenho que vigiar até a expressão dos meus olhos.
Digo apenas que ela ainda não tem cacife pra me enrolar com horários ou quaisquer outros tipos de números. "E vai pro banho."
Vinte minutos depois eu coloco meu bebê na cama, cubro, beijo, boa noite, bons sonhos.
E vou deitar também, pensando até quando esse serzinho em desenvolvimento tão rápido vai continuar sendo o meu bebê.