segunda-feira, 15 de março de 2010

Desventuras em série


Hoje vou ensinar vocês a lidar com a zica.
Os carros sempre passam por poças de lama e molham/sujam você no ponto de ônibus? Aprenda a olhar para suas pernas, pensar "eu pareço um pinto molhado" e rir disso.
Tudo começou na quinta-feira. Dé me chamou pra ir num showzinho de MPB+jazz no sábado à noite em Penedo.

Na sexta-feira de manhã liguei para o lugar e descobri que o show iria das 21 às 23h30. Mandei um recado pro Dé dizendo que terminava tarde e ia ficar complicado voltar pra casa, mas à tarde o pai da minha criança ligou dizendo que dormiria com ela de sábado pra domingo. À noite esbarrei com o Dé no MSN e disse que estaria livre no sábado à noite, (deixa eu resumir a história e pular a parte do drama) então combinamos que eu ia comprar meu ingresso no sábado de manhã, se ainda tivesse. Iríamos no negócio em Penedo à noite, depois eu ia dormir na casa dele e no domingo acordaríamos cedo pra fazer um tal de um risoto de cogumelos, porque o pai da minha criança disse que ia devolvê-la logo após o almoço e eu não poderia demorar pra voltar.

No sábado liguei pro lugar e me disseram que só reservavam mesa pra quem pagava na hora, e podia comprar lá em Penedo ou em Resende. Eu dei uma choradinha, disse que morava em Itatiaia, tava sem carro... Depois de uns cinco minutos resolveram reservar meu ingresso pelo telefone mesmo e me deixaram pagar quando chegasse lá. Me fizeram jurar que eu iria mesmo, aí eu disse que tinha até uns amigos em Resende que já estavam com o ingresso comprado e eu ia sim, mas que ligaria se acontecesse qualquer coisa.

Uma hora depois, recebo uma ligação do Dé:

"Então, jã comprou o ingresso?"
"Não."
"É que a minha avó apareceu aqui em casa, daí a minha mãe não vai mais, daí você fica com o ingresso dela, daí a gente vai e eu te deixo em casa depois, pode ser?"
"Pode."

Liguei pro lugar novamente, meio sem graça, tentando explicar um "é, então, sabe aqueles meus amigos de Resende? Pois é, descobri que eles já tinham comprado o meu ingresso. Pô, foi mal aí, hein?!"

Então tá. Fiz algumas coisas que precisava em casa e fui dar só uma olhadinha no meu jogo de RPG. Fiquei puta com ele, mas mesmo assim me envolvi e perdi a noção do tempo e me atrasei. Tomei banho correndo e me arrumei. Não dava mais tempo de pegar ônibus direto pra Penedo, nem de pegar um que passa aqui na frente de casa até o Centro, e não tinha ninguém pra me dar uma carona. Peguei uma bolsa pequena (já que eu ia voltar pra casa depois) e saí. Consegui carona com um amigo que estava passando, o que me economizou 1km de caminhada. Peguei um ônibus pra Resende, desci na estrada e fiquei esperando um de Resende pra Penedo. Cheguei no ponto às 20h18 e percebi que o ônibus que saía de Resende às 20h já tinha passado. Tudo bem, eu esperaria pelo ônibus das 20h30, que chegaria certamente antes das 20h48, pela lógica. Nada disso. Quando ele passou já eram cinco pras nove. E eu nem tava com medo dos caminhoneiros que paravam no acostamento e ofereciam carona.

Cheguei na loja uns 5 minutos antes do Dé passar lá pra gente ir. Chegando no carro descobri que a mãe dele tinha resolvido ir, mesmo com a mãe dela em casa. Chegamos no lugar e a nossa mesa era (a mais) próxima do palco. O show começou e eles tinham um jeito peculiar de tocar. Um pouco improvisado, digamos. Um cara no teclado e uma mulher cantando e tocando percussão. Durante o show, saímos uma vez e não voltamos mais. Lá fora estava fresquinho, podia fumar, o céu estava estrelado e o som não era tão alto - dava pra conversar. Depois de alguns minutos a mãe do Dé e a amiga dela se juntaram a nós e ficamos lá esperando até que o Pé de Canela não estivesse mais tão cheio e a amiga da mãe do Dé pudesse comer os pastéis de camarão e tomar a caipirinha de lá.

Ficou combinado que o Dé ia beber e a mãe dele seria a motorista da rodada.
Já no Pé de Canela, discutíamos sobre o que fazer de sobremesa para o risoto. Eu disse pro Dé que podia levar sorvete, só que ia chegar meio derretido.

"Como você vai levar sorvete?"
"Na mão, ué. Numa sacolinha" (dã)
"Você não vai dormir lá em casa?" (eu vou?)
"Eu vou?"
"Eu achei que ia" (hã?)
"É, então não tem sorvete" (...)

Só na hora de ir embora, quando a mãe do Dé disse pra nós dois irmos atrás no carro porque a amiga dela ia descer primeiro, é que eu percebi que ela não tinha a mínima idéia de que eu ia pra minha casa. E o tanto que ela parecia cansada era o mesmo tanto que minha casa é fora de mão. Eu não ia ter coragem de querer ir pra casa e fui dormir em Resende. Passamos na farmácia porque o Dé tava morrendo de uma dor estranha.

Eu não tinha levado roupa pra dormir, nem nada pra tirar a maquiagem, nem escova de dentes - afinal, eu ia dormir em casa. Peguei uma roupa do Dé, escovei os dentes com os dedos e tirei o que pude da maquiagem com água e sabão.

Acordei às seis com areia nos olhos (não era areia, era resto de rímel). Quando levantei, vi que o pior não era a falta de escova de dentes, mas a falta dos meus óculos escuros. Enfrentei o sol corajosamente e fui ao mercado. Não sem notar que parte da sola da minha sandália tinha quebrado e sumido no mundo. E as tiras da sandália ficam coladas na sola. Bom, elas ainda estavam no lugar, então provavelmente não descolariam dali. Vamos nessa.

O risoto ficou uma delícia e a sobremesa foi uma mousse de Bis! Prática, rápida e gostosinha. Não tinha passado muito tempo após o almoço quando minha mãe ligou dizendo que minha criança já estava em casa! Saí apressada e fui para o ponto de ônibus perto da casa do Dé. No caminho notei que uma das três tirinhas da sandália já tinha descolado da sola. Mais uma e eu estaria descalça. Fui andando devagar e pensando positivo, como diria Tatá: "Lady Murphy não está de calcinha rosa hoje, Lady Murphy não está de calcinha rosa hoje..."

O ônibus demorou, é claro. Quando consegui chegar na rodoviária descobri que ainda faltava meia hora pra sair o próximo ônibus pra Itatiaia. Esperei pacientemente e liguei pra casa explicando sobre a sandália e pedindo pro meu pai me buscar na rodoviária de Itatiaia.

--------- pausa ---------

Minha menstruação estava atrasada havia duas ou três semanas. Já estou acostumada com ela, vem quando quer. Não dá pra esperar nunca. Eu não podia tomar pílulas porque estava amamentando. Minha criança só parou de mamar definitivamente no mês passado, então comprei pílulas e estava esperando o primeiro dia da menstruação pra poder começar a tomar.

Quando minha última menstruação completou um mês, comecei a usar absorventes pra sair de casa. Chato, mas melhor do que manchar as calças de sangue no meio da rua estando a quilômetros de casa.

No sábado à noite eu estava usando um absorvente e tinha um reserva na bolsa. Só um, já que eu ia dormir em casa. Como não dormi em casa, usei esse reserva pra dormir e tirei quando acordei de manhã. Poderia ter comprado mais quando fui ao mercado, mas pensei "nossa, são três semanas de atraso, essa maldita não vai aparecer justo hoje, é impossível"

--------- fim da pausa ---------

Quando desci do ônibus em Itatiaia senti uma coisa quente escorrendo pela minha calça. "Não. Eu não acredito nisso. Isso não pode estar acontecendo. CADÊ VOCÊ, PAI?"
Um conhecido passou por mim enquanto eu esperava meu pai. Eu cumprimentei, mas ele deve ter achado que eu estava passando muito mal com aquela cara de "aaahhh!".

Chegando em casa, pedi pra minha mãe distrair a criança por cinco minutos porque eu corria o risco de ter ficado menstruada. Palpite certo. Deixei a roupa de molho (ainda bem que não sujei o banco do carro!) e, quando estava quase ficando puta, lembrei de uma coisa. Mesmo começando a sentir a cólica que sempre vem após as primeiras gotas de sangue, saí vitoriosa do banheiro, peguei minha cartela de pílulas e fui em direção à cozinha.

Tomei meu primeiro comprimido anticoncepcional em 2 anos e 7 meses! Menstruação surpresa NUNCA MAAAIS!!! Calendários marcados com os dias vermelhos de Janeiro a Dezembro again!

A minha falta de sorte não consegue me derrubar. O meu azar chega perto e eu rio da cara dele (e da minha). Por isso quero transmutar a foto lá de cima nessa aqui:


Enquanto escrevo, a cólica me incomoda e eu ainda tenho que sair pra trabalhar, e andar pra lá e pra cá em Resende, e ir a Penedo. Mas se perguntarem do meu fim de semana eu vou dizer que fui num showzinho de MPB, comi um delicioso risoto de cogumelos, e mousse de Bis, e voltei a tomar pílulas.

\o/

Um comentário:

Talita Abreu disse...

Hahahahahahahahahahaha!!!
Sabe, para pequenos cronistas como nós, o fato que a Lady Murhpy de calcinha rosa entre em ação é muitas vezes necessário. Afinal, tem coisa que fica mais engraçada em um texto, do que alguém levando um baile das pequenas coisas da vida? Quer dizer, tem, mas isso também é muito engraçado... É como uma vídeo cassetada escrita.

Ahhhhh!!! Então a mardita veio, hun?! E na pior hora possível..rs.. Mas antes tarde do que nunca.
No final das contas, você comeu mousse de Bis... Isso deve valer qualquer coisa.. hahaha!

Valeu a pena esperar o post. =)